18 agosto 2017

O JOGO DA VERMELHINHA, MAS EM AZUL CLARINHO

Aparecido em 1976, o jornal comunista O diário e o seu slogan a verdade a que temos direito tornou-se o paradigma do que pode ser um jornalismo dedicadamente rendido a uma causa ideológica, aquilo que de mais parecido poderia haver com uma publicação partidária como o Avante!, embora aparentemente desfardada da sua militância. O que surpreende foram os catorze anos de sobrevivência da publicação (1976-1990), mas o que perdurou na memória colectiva era aquele famoso slogan que sempre se prestou a duas interpretações antagónicas: a) ou a Verdade que era sonegada pelo resto da comunicação social; b) ou uma Verdade alternativa à que era publicada pelo resto dessa comunicação social. Quanto ao que se publicava em O diário, não sei se se tratava verdadeiramente de jornalismo, mas reconheço que era um estilo de redigir notícias...
...que quarenta anos depois vi recuperado pelo outro extremo do espectro partidário no jornal Observador. Deixa de ser vermelho para passar a ser azul claro mas o facciosismo continua lá todo. Tomemos o exmplo escandaloso destas duas notícias que têm um ano a separá-las e se referem ao mesmo assunto: o desempenho da economia portuguesa no 2º trimestre do ano (1) e (2). O autor das duas notícias é até o mesmo: Nuno André Martins. Mas, como o que ele escreve não foi concebido para ser lido em conjunto, o resultado não é nem coerente nem consistente. A ideia parece ser apresentar os resultados do crescimento económico como insatisfatórios, qualquer que tenha sido a sua expressão. Ora assim não vale, assim parece o jogo da vermelhinha, aquele onde nunca se acerta na carta (há por lá quem saiba do que se trata), só que no Observador a carta da aldrabice é em azul claro...
Mais do que isso: é admissível confiar em malabaristas deste calibre para fazerem «Fact-Checks»? Obviamente que não.

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